O voo para Nova
Iorque fora uma viagem solitária para Daniel. Mas ele aproveitara para ler um
livro, uma coisa que já não fazia há muito tempo, para ouvir os últimos
sucessos da música brasileira que o seu colega Rodolfo lhe tinha gravado no
IPod e para pensar nas voltas que a vida dá.
Ele estava a
caminho de Nova Iorque.
Inevitavelmente o
seu pensamento atravessou o Atlântico e foi ter com Mara. Nova Iorque sempre
fora uma cidade com que eles sonhavam. O que é que ela diria se soubesse que
ele estava a caminho? Ia certamente fazer-lhe um roteiro turístico, assinalando
num mapa todos aqueles lugares que ela queria visitar, obrigá-lo-ia a ir a
todos esses sítios e a fazer-lhe um relato detalhado, quando regressasse, do
que tinha visto, do que tinha sentido, do que tinha comido. Mara era assim. E
ele tinha saudades dela.
Como estaria ela?
Há já alguns dias que Anna lhe enviara um e-mail que ele ainda não tinha tido a
coragem necessária de abrir para ler. O título do e-mail era simplesmente:
Mara. O seu receio de ler o conteúdo era maior do que a sua curiosidade, mas
com as suas recordações e com a saudade, decidiu que a primeira coisa que iria
fazer assim que chegasse ao hotel, seria ligar o seu portátil e ler o e-mail.
Podia ser que Anna lhe estivesse a enviar notícias de Mara e não o raspanete
que ele esperava – com certeza ela sabia do postal. E Anna não perdoava nada!
Ouviu finalmente
o comandante a anunciar a eminente aterragem no aeroporto JFK em Nova Iorque. Apertou
o cinto e encostou-se no seu assento. Pela primeira vez desde que o seu chefe
lhe comunicara que teria que viajar até Nova Iorque, estava a sentir-se
entusiasmado com a ideia. Sorriu, fechou os olhos e sentiu um nervoso miudinho
a borbulhar na sua barriga. Apesar de não saber bem porquê…