As coisas não acontecem por acaso… excepto este nosso novo blog!

Somos duas colegas ‘de números’ que partilham uma paixão comum: a escrita! Ambas gostamos de escrever e de ‘devorar’ livros como se não houvesse amanhã e, numa conversa que pensávamos ser inconsequente, desafiámo-nos uma à outra para escrever ‘Histórias a Quatro Mãos’…

O que nos propomos fazer é muito simples: vamos escrever histórias, em parceria improvável, testando os limites e a imaginação de cada uma. Cada uma de nós vai ser desafiada pela outra a dar seguimento a uma narrativa, cujo final será sempre um mistério, quer para as autoras, quer para os leitores.

Convidamos os nossos seguidores a irem opinando sobre o que vão lendo e dando sugestões.

Esperamos que seguir este blog seja uma experiência tão interessante quanto certamente será escrever tudo o que aqui irão ler!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

15 - Surpresas

 O envelope estava em branco, mas a letra da mensagem que trazia lá dentro era rebuscada e elegante.
“ Querido Robert, recebe estas flores como prova do meu encantamento por ti. Todos as manhãs enches o meu coração de felicidade. Só de te ver! Imagino como será quando ganhar coragem para falar contigo! Um beijo doce da tua admiradora”
Bem, a letra rocambolesca pertencia não a um admirador de Mara, mas a uma admiradora de Robert. Mara sentiu-se uma idiota por pensar que todas aquelas flores eram para ela. Eram para um tal Robert. Mas que Robert? E porque se enganou o florista deixando perfumado o seu gabinete? Sarah estava à porta do gabinete ansiosa por saber de quem era a surpresa. Não tardou a ficar desiludida quando percebeu que toda aquela demonstração de carinho, afeição, amor, não eram para Mara. Todas as histórias românticas que brotavam no seu pensamento segundos antes sofreram de uma morte súbita e deprimente.
Quando Mara lhe perguntou se conhecia algum Robert no edifício, Sarah, que conhece tudo e todos, indicou-lhe logo Robert Feist do gabinete de arquitectura que ficava mesmo por cima do escritório deles. Talvez o florista ou a admiradora, ao que parece envergonhada, se tivessem enganado no piso. Mara decidiu que iria ao gabinete do tal Robert para lhe explicar o equivoco e revelar a surpresa que tão fervorosamente a ele lhe era destinada. Mas mais ao final da tarde. Ainda tinha muito trabalho para despachar até então e um telefonema prometido a Anna.
Por entre análises de originais, preparativos para lançamentos de obras e muitos emails para responder, Mara ficou a saber que a urgência de Anna era um convite para jantar em casa dela nessa sexta-feira. Sinceramente! Se um dia Anna lhe ligasse com uma verdadeira urgência, corria o risco de Mara não acreditar. Aceitou o convite, tendo ficado de levar uma tarte de maçã e dois CD’s de musica Jazz que Sarah lhe pedira emprestados.
A sua tarde tinha sido mais longa do que contava. Talvez Robert Feist já não estivesse no seu gabinete aquela hora, mas mesmo assim pediu a Sarah que tentasse contactá-lo e lhe pedisse que descesse ao seu gabinete. Ouviu a voz animada da assistente falando ao telefone e, pelo seu tom, tivera não só sucesso em apanhá-lo no escritório, como em convencê-lo a descer sem saber o motivo.
Mara ainda teve tempo para ultimar um email de resposta a um aspirante a escritor que acabava de ser rejeitado antes que um Robert diferente do que imaginara aparecesse à porta do seu gabinete. Robert Feist, o arquitecto, não tinha barriga redonda nem blaser de xadrez, mas acertara no cabelo grisalho.
- Boa tarde! Mara? – perguntou ele.
- Sim, sim, sou a Mara. Entre, entre! – disse Mara sem conseguir evitar um sorriso de gozo ao ver a expressão um pouco embasbacada de Robert ao ver a decoração exageradamente colorida e perfumada do seu gabinete. – Para uma pessoa ligada à arquitectura e decoração suponho que não aprove o estilo do meu gabinete!
Robert continuava ligeiramente boquiaberto apreciando o jardim interior com que se deparava. Apertou a mão que Mara lhe estendera dizendo:
- A minha especialidade não é arquitectura paisagística, mas certamente eu não teria feito o projecto assim! – respondeu-lhe Robert com boa disposição.
- Pois, mas olhe que esta decoração peculiar deve-se a si, Robert.
- A mim! Não percebo.
Mara estendeu-lhe o bilhete que encontrara horas antes na sua secretária e explicou:
- Todas estas flores lindas são para si. Um presente da sua admiradora desconhecida. Bem, pelo menos para mim. O Robert talvez a conheça!
Enquanto lia o bilhete ele abanava a cabeça divertido.
- Não, honestamente, não faço ideia de quem sejam!
Mara ia dar-lhe algumas pistas para descobrir a autoria daquela surpresa (seria alguém que costuma vir com ele no metro, alguém do trabalho…), mas foram interrompidos por um “Boa noite” mal humorado de John que acabara de chegar ao escritório.

1 comentário:

  1. Por esta é que não estava mesmo nada à espera... e não fico descansada sem te 'dar troco'... estás a puxar-me para um lado, mas eu vou puxar-te para onde eu quero... aqui vai disto! :)

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